Quadrilha que roubava cargas na RMC é desmantelada; seis presos são de Hortolândia
Investigação revela rede organizada que manteve motoristas em cativeiro e lavava dinheiro em comércios locais

A movimentação
começou cedo. Por volta das seis da manhã, viaturas da Polícia Federal cruzavam
ruas de Hortolândia, Campinas e Paulínia. Era a deflagração da Operação Baiuca
— nome irônico para um esquema que escondeu, sob a fachada de adegas de bairro,
um lucrativo negócio criminoso: o roubo sistemático de cargas na Região
Metropolitana de Campinas.
Seis moradores de
Hortolândia foram alvo de mandados de prisão temporária. Eles são apontados
como peças-chave em uma quadrilha que, entre fevereiro de 2023 e dezembro de
2024, roubou pelo menos 22 cargas de alto valor, preferencialmente combustíveis
e bebidas. A lógica era simples, mas brutal: interceptar caminhões em movimento
ou estacionados em paradas logísticas, render motoristas — muitas vezes com
armas ou réplicas — e levá-los a cativeiros improvisados até que a carga fosse
transbordada e os veículos, dispensados ou revendidos.
O líder do grupo,
segundo a PF, é um morador de Paulínia que atuava como articulador e
recrutador. Ele coordenava cada assalto como um diretor de cinema: escolhia os
alvos, escalava os executores e orientava o destino final da carga. As bebidas
roubadas acabavam vendidas em adegas da própria região — estabelecimentos
usados também para lavar o dinheiro ilícito.
Ao todo, 120 agentes
da Polícia Federal participaram da operação, com apoio de 35 guardas civis de
Paulínia. Além das prisões e dos 22 mandados de busca e apreensão, a Justiça
autorizou o sequestro de bens estimados em R$ 1,75 milhão, incluindo imóveis,
veículos e valores em contas bancárias.
Os crimes apurados
incluem roubo qualificado, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As
penas somadas podem ultrapassar 40 anos de reclusão.
Em meio a uma crise
nacional de segurança nas estradas, a ação lança luz sobre o submundo que
movimenta milhões longe das manchetes — e que, por ora, teve sua principal rota
interrompida.
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